Everest de papel

Nunca escalei uma montanha, mas tenho certeza que ninguém volta o mesmo depois de chegar ao topo do Everest. A metáfora pode ser exagerada, mas foi mais ou menos isso que aconteceu com a Cartunaria Desenhos em 2014. Nem nas expectativas mais otimistas poderíamos prever que em 13 anos teríamos feito vários curtas-metragens, videoclipes, minisséries, dezenas de animações e ilustrações para todos os tipos de clientes e que chegaríamos ao cume profissional com uma série de TV nossa sendo exibida em um canal da Disney. E sem sair de Porto Alegre!

Quando eu e o Guto nos conhecemos éramos dois desenhistas de vinte e tantos anos com alguma experiência no mercado e muitos planos em comum, mas descobrimos cedo que pra fazer animação no sul do mundo era preciso muito mais do que saber desenhar, já que pra realizar os nossos projetos não havia um caminho trilhado nem GPS pra nos guiar nessa empreitada. Foi esse ímpeto de apostar no improvável que fez nossa pequena produtora parecer tão maior do que era e que nos levou até o alto desse Everest formado por pilhas de papel, uma escalada cheia de nevascas, avalanches e comida enlatada, mas também com dias de sol e uma vista belíssima que justificavam todo o esforço.

Só que o caminho de volta pra casa é quase tão implacável quanto a subida, pois percebemos que nossa façanha não faz diferença nos dias comuns que se seguem, a vida continua com sua rotina, compromissos, idas ao supermercado e trânsito engarrafado. O que fazer depois de realizar um sonho? Talvez seja a hora de rever algumas prioridades, buscar o que foi deixado pra trás e que agora adquiriu outro significado, ou quem sabe encarar uma nova montanha metafórica... Resumindo, a Cartunaria daqui pra frente vai focar em trabalhos autorais, ou seja, eu e o Guto manteremos a parceria, mas investindo em projetos paralelos.

Pra usar uma analogia nerd, essa seria a parte dois de uma trilogia (mesmo que o terceiro filme nem sempre seja o fim da franquia, como todo cinéfilo sabe). Ou pra usar um exemplo do universo musical sempre presente nos nossos curtas, seria aquele tempo que a banda dá pra que cada integrante se arrisque em carreira solo. Enfim, o resto a gente vai acertando com o tempo, afinal, é mais de uma década de história, mas agora seremos o Lisandro Santos e o Guto Bozzetti a paisana, deixando a Cartunaria em stand by pra quando juntarmos nossas mentes criativas novamente. Agradeço imensamente a todos que estiveram ao nosso lado até aqui e desejamos poder sempre contar com vocês! Grande abraço.

Lisandro Santos

                                                                                             

Principais produções da Cartunaria

Curtas-metragens:

A Árvore-Casca – Dir. Lisandro Santos (2005) – 7min

Leonel Pé-de-Vento – Dir. Jair Giacomini (2006) – 17min

X-Coração – Dir. Lisandro Santos (2007) – 11min

A Princesa e o Violinista – Guto Bozzetti (2008) – 8min

O Retorno de Saturno – Dir. Lisandro Santos (2009) – 12min

A Fábula da Corrupção – Dir. Lisandro Santos (2010) – 8min      

O Guitarrista no Telhado – Dir. Guto Bozzetti (2011) – 11min

A Última Reunião Dançante – Dir. Lisandro Santos (2012) – 12min

Hotel Farrapos – Dir. Lisandro Santos (2014) – 11min

                               

Mini-metragens:

Capitão Super – Dir. Guto Bozzetti (2004) – 1min

Linguiças Arvoredo – Dir. Guto Bozzetti (2010) – 1min

Dentinho – Dir. Lisandro Santos e Guto Bozzetti (2011) 2min

Os Sustentáveis – Dir. Lisandro Santos (2012) – 1min

                                             

Videoclipes:

Jimi – Dir. Guto Bozzetti e Lisandro Santos (2004)

O Mar pra Mim – Dir. Lisandro Santos (2010)

Séries:

X-Coração (Nickelodeon) – Dir. Guto Bozzetti e Lisandro Santos (2010) – 5 x 2min

Pereba F.C. – Dir. Guto Bozzetti (2014) – 4 x 10min

X-Coração – A série – Dir. Guto Bozzetti e Lisandro Santos (2014) – 26 x 11min

Participações em outras produções:

Sesinho – Dir. Otto Guerra (2003) – Série de TV

Anabel – Dir. Lancast Mota (2002/2003/2009) – Série de TV

Café Paris – Dir. Adalgisa Luz (2004) – Curta-metragem

O Homem que Copiava – Dir. Jorge Furtado (2004) – Longa-metragem

O Segredo de Nina – Dir. Lancast Mota (2010) – Curta-metragem

Mulher de Fases – Dir. Ana Luiza Azevedo (2010) – Série de TV

Scracth – Dir. Frederico Luz (2010) – Piloto de Série

História do Amor – Direção Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo (2011) – Minissérie de TV

Media Tranning – Dir. Eloar Guazzelli (2011) – Curta-metragem